A fotografia na vida de João Miguel Barros

O “projeto de vida” do Advogado João Miguel Barros contado na primeira pessoa

 

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Antecedentes

O exercício da Advocacia há mais de 30 anos nunca impediu que me dedicasse a outras atividades extraprofissionais, em especial de âmbito cultural.

Entre 1979-1982, ainda na Faculdade de Direito, codirigi a revista de cultura SEMA, que teve alguma importância no contexto das “letras e das artes visuais” em Portugal, numa altura de muitas afirmações e espontaneidades diversas.

Mas a fotografia, entre todas as formas de manifestação artística, foi sempre o motivo maior, a razão para muitas “andanças”, a procura de muitos destinos, ainda que de forma errática e sem a preocupação de assumir um projeto ou uma ideia.

A idade permite-nos ganhar outro distanciamento em relação às coisas. E também em relação aos medos interiores que todos temos de expor em público, as nossas limitações e imperfeições. Daí que, a partir de 2013, tenha decido assumir a fotografia como “projeto de vida” (em paralelo com a Advocacia, que mantenho como “necessidade de vida”) em três componentes distintas: a autoria, a curadoria e a investigação. As duas primeiras começaram a ser concretizadas; a terceira está a ser iniciada.

Autoria

Em janeiro inaugurei em Macau a primeira exposição individual e publiquei o primeiro livro como parte integrante de um projeto intitulado Entre o Olhar e a Alucinação.

Este projeto foi concebido como uma coleção de clipes simples, alguns ocasionais, retirados do mundo real e assumidamente fixados em imagens a preto e branco, por vezes carregados, sem a distração da cor e sem a pressão de uma qualquer modernidade, mas capturados na necessidade de focar o essencial do olhar.

O sentido e as opções que presidiram a esta exposição constam de uma entrevista dada (em inglês) a uma publicação online de Hong Kong, que é autoexplicativa.

As 73 obras selecionadas foram apresentadas em papel metalizado, com verniz brilhante.

Por ocasião dessa exposição, foi publicado um livro com o formato 30 x 23 cm, em capa dura, com 160 pp., numa edição única e limitada de 330 exemplares, numerados e assinados.

Em 2018 deverá sair um segundo volume desta série Entre o Olhar e a Alucinação e a exposição (em formato alargado) poderá ser apresentada em Lisboa.

Curadoria

Ter estado em Macau durante uma parte muito significativa da minha vida profissional permitiu-me uma proximidade com a realidade da fotografia chinesa e asiática extremamente enriquecedora. Daí que o trabalho de curadoria fosse um passo natural que tinha de ser dado no contexto das opções tomadas. O primeiro projeto nesta vertente foi a organização de um Ciclo de Fotografia Contemporânea Chinesa.

Com o patrocínio da Fidelidade e do Instituto Cultural do Governo de Macau, vai inaugurar em Lisboa, no dia 27 de julho, na galeria Chiado8, da Fidelidade, a primeira exposição de um conjunto de três que integram esse ciclo e que, a partir de 2018, serão expostas no Museu de Arte de Macau.

Trata-se de uma oportunidade única de conhecer o espantoso trabalho de três artistas chineses: Lu Nan, RongRong e Yang Yankang.

Segue-se um Ciclo de Fotografia Contemporânea Japonesa, ainda em fase de conceptualização.

http://boletim.oa.pt/oa-01/artes–letras_depoimento-boletim-oa